Crítica — 2001: Uma Odisseia no Espaço

2001

Título Original: 2001: A Space Odyssey

Título no Brasil: 2001: Uma Odisseia no Espaço

Diretor: Stanley Kubrick

Ano: 1968

Nota no IMDb: 8,3

Nota no Rotten Tomatoes: 92%

 

O cinema possui suas limitações em relação a literatura, entretanto é notório que o mesmo possui mais recursos, como a possibilidade de utilizar uma trilha sonora ou simplesmente representar algo visualmente. Embora isso pareça banal, são poucos os longas que conseguem aproveitar o audiovisual muito bem e tornam-se obras intrincadas, e dentre estes está a críptica ficção cientifica de Kubrick. “Magistral” é o adjetivo que eu penso ser o mais cabível caso alguém me peça para resumir o filme em poucas palavras. O filme é essencialmente enigmático, e apesar do ato de revê-lo ser estimulado, em virtude deste teor, a primeira sessão pode ser algo peculiar, no bom sentido. Saliento que é necessário assistir o longa em algum tipo de estado de lucidez, manter a mente aberta para que a experiência possa expandi-la.

2001_monolithsunmoon

O simbolismo, predominantemente visual, é constante, abrindo espaço para incontáveis interpretações e somando muito para o teor artístico do longa(que já absurdamente intenso). Kubrick era fotógrafo antes de ser cineasta, e todo o seu talento no meio é transparecido durante o transcorrer do filme, na maioria das vezes em planos matemática e cinematograficamente estupendos. 2001 é um filme que contém algumas representações sobre antropologia e evolução humana, mas em suma é algo irresoluto e interpretativo, negando um arquétipo que opte por um enredo bem marcado e delimitado. Como o próprio Arthur Clarke disse, “Se você entendeu 2001 ao assisti-lo pela primeira vez, então você falhou”.

2004

O roteiro não é envolvente, e também está bem longe de ser algo enervante. Como citado, não há preocupação com uma história que esteja em moldes “tradicionais”, e o enfoque é dado à fotografia, e também à memorável trilha sonora, que é composta inteiramente por música clássica. A direção de arte é algo que chama muito a atenção, visto que é um longa da década de 60, contando com ótimos efeitos práticos e uma ambientação atordoante. A atuação do elenco é notavelmente boa na maioria das vezes, mesmo em meio à conurbação dos três atos, que não dá muito espaço para uma construção de arcos elaborados ou qualquer outra coisa do gênero.

21

Sobretudo, 2001 é um longa que peca muito pouco em quaisquer aspecto técnico, que é singular e artístico em sua essência, sem muitas respostas, e com fortes estímulos ao ceticismo. O número de interrogações que habitam a mente de quem o assiste é enorme, mas é justamente isso que torna o longa incrível. Talvez o escopo do filme nem tenha sido algo tão grandioso, mas a execução é algo que impressiona, especialmente se a atmosfera imersiva e tranquila lhe afetar. Dos 139 minutos, 88 se abstêm de falas e diálogos, o que comprova que o longa por si não diz muita coisa, de uma certa perspectiva. Mas isso é um ponto que é subvertido, afinal este talvez seja um dos filmes que mais abre espaço para questionamentos e interpretações, transparecendo e suscetibilizando inúmeras coisas, mas sem verbalizar.

Deixe um comentário