O Lendário Detetive Segue com Seus Casos Inglaterra Adentro

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Título: Memórias de Sherlock Holmes – Contos (1894); O Cão dos Baskerville – Romance (1902)

Autor: Sir Arthur Conan Doyle

Editora: Harper Collins

Após um romance primoroso como “Um Estudo em Vermelho”, cria-se expectativa de que o que vem a seguir seja tão bom quanto, e bem, embora eu não possa afirmar que a série de contos e o romance em questão sejam de uma qualidade tão alta, é bem plausível dizer que estão bem próximos. Com uma série de contos que, como de costume, contempla os mais variados e incríveis casos e resoluções, e um romance dotado de um escopo mais simples, porém sem perder a essência do que fez Conan Doyle ser um grande escritor de literatura policial: As tramas com mistérios mais distantes possíveis do “fácil” e “modesto”, a escrita permeada por formalidades, e uma das duplas mais cativantes da literatura.

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Uma Releitura Ambiciosa e Profunda

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Título : Marvels

Roteirista: Kurt Busiek

Arte: Alex Ross

Ano de Lançamento: 1994

Ano da Edição da Resenha: 2013

Editora: Salvat

 

 Em “Marvels”, vemos a criação do Tocha Humana(o primeiro ser sobre-humano) por um cientista que, logo é frustrado pela recepção do público à sua criação. Seguimos com a apresentação de Phil Sheldon, um fotojornalista que trabalha para o Clarim Diário e encontra-se em uma discussão corriqueira a respeito de seres sobre-humanos. Esses dois personagens são as grandes matrizes desta HQ, e representam boa parte de sua história: o ser dotado de superpoderes, que gera controvérsia e outras reações em massa, e o fotojornalista, que trabalha com lentes, mas acaba servindo de metáfora para a visão verossímil de como seria um mundo habitado por seres sobre-humanos.

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Crítica: Anticristo

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Título Original: Antichrist

Diretor: Lar Von Trier

Ano: 2009

Há quem classifique Lars Von Trier como uma pessoa doentia. Dificilmente essa pessoa tem essa convicção antes assistir “Anticristo”. Em um longa que retrata muito do período depressivo da vida do diretor, temos contato com algo multifacetado e expansivo em seu próprio escopo. Anticristo é um longa que dá margem para muitas interpretações (E que fique claro que não estamos em um nível de “2001: Uma Odisséia no Espaço”) e junta elementos da Bíblia, da vida do autor, e da obra homônima de Friedrich Nietzsche. Sem perder o potencial dramático e os pontos chocantes, o longa é repleto de simbolismos, mas definitivamente não é dotado de uma narrativa lenta e contemplativa.

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O Gênesis da Terra-Média

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Título Original: The Silmarillion

Título no Brasil: O Silmarillion

Autor: J.R.R. Tolkien

Ano: 2011

Editora: WMF Martins Fontes

A vastidão do universo criado(ou “subcriado”, segundo o costume do autor) por Tolkien é absoluta, e são incontáveis os questionamentos de quem acaba de ler O Senhor dos Anéis. É bem comum que alguém ache que ele simplesmente criou alguns elementos e afins, que são coisas alegóricas e sem justificativas. É claro que essa pessoa desconhece Tolkien e todo o seu perfeccionismo e seu potencial criativo e narrativo. Se a narrativa lenta explora incontáveis detalhes, aqui temos uma mitologia que nem através disso é totalmente explicada(alguns detalhes pontuais, é claro). Em “O Silmarillion” vemos o universo de Tolkien de uma maneira detalhada, e algumas histórias e fatos que passaram-se antes de “O Hobbit” e “O Senhor dos Anéis”, tudo isso com um teor histórico e épico incomparável. De fato esta é a obra que exigiu mais do professor, afinal trata-se de algo absurdamente profundo em termos de criação, e aborda desde a criação de Eä(O universo das obras de Tolkien). E para cada leitor que ama a aventura de Frodo e Sam, recomendo a página Tolkien Brasil e o canal Tolkien Talk.

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Crítica — 2001: Uma Odisseia no Espaço

2001

Título Original: 2001: A Space Odyssey

Título no Brasil: 2001: Uma Odisseia no Espaço

Diretor: Stanley Kubrick

Ano: 1968

Nota no IMDb: 8,3

Nota no Rotten Tomatoes: 92%

 

O cinema possui suas limitações em relação a literatura, entretanto é notório que o mesmo possui mais recursos, como a possibilidade de utilizar uma trilha sonora ou simplesmente representar algo visualmente. Embora isso pareça banal, são poucos os longas que conseguem aproveitar o audiovisual muito bem e tornam-se obras intrincadas, e dentre estes está a críptica ficção cientifica de Kubrick. “Magistral” é o adjetivo que eu penso ser o mais cabível caso alguém me peça para resumir o filme em poucas palavras. O filme é essencialmente enigmático, e apesar do ato de revê-lo ser estimulado, em virtude deste teor, a primeira sessão pode ser algo peculiar, no bom sentido. Saliento que é necessário assistir o longa em algum tipo de estado de lucidez, manter a mente aberta para que a experiência possa expandi-la.

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Nitidez e Nebulosidade Em Um Mesmo Romance Policial

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Título Original: Rodney Stone

Título no Brasil: Soco na Cara

Autor: Sir Arthur Conan Doyle

Ano: 2015

Editora: Nova Fronteira

 

Em um romance que apresenta nítidos traços masculinos em seu escopo, Conan Doyle se coloca em um personagem e narra uma história de quando o mesmo era jovem e aventureiro,  com alguns mistérios e reviravoltas relativamente bem construídos, considerando que o livro tem duas centenas e meia de páginas. Em uma escrita permeada por uma erudição e formalidade, Rodney(narrador e protagonista) se mostra nostálgico ao falar dos acasos e experiências que envolveram lutas de boxe, aristocracia londrina e histórias nebulosas e enigmáticas. Há muito sobre sentimentalismo e sobre o arquétipo de herói clássico aqui, com muitos parágrafos que falam sobre coragem, sobre ombridade, mas também sobre vínculos familiares, amizade e o quanto passamos a nos conhecer quando “voamos”.

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Crítica: Pulp Fiction

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Título Original: Pulp Fiction

Título no Brasil: Pulp Fiction – Tempo de Violência

Diretor: Quentin Tarantino

Ano: 1994

Nota no IMDb: 8,9

Nota no Rotten Tomatoes: 94%

 

O grande vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1994 ganhou muita notoriedade por suas características peculiares, que são bem específicas de Tarantino, mas também por ser um longa excepcional que foi feito por alguém que sequer havia frequentado o ambiente acadêmico de cinema. A violência caricata, o humor cômico e outros aspectos marcam bem a obra de Quentin, mas dentre tudo o que o cineasta já produziu, Pulp Fiction tem um destaque maior, em virtude de sua grande influência na cultura pop e de sua execução que é classificada como uma das melhores experiências cinematográficas. Tarantino subverte muita coisa ao longo do filme e brinca com o termo “pulp”, que nomeia um tipo de literatura que era impressa em papel barato nos anos 1900, normalmente histórias noir e sem muita qualidade. As cenas de Pulp Fiction são excessivamente memoráveis, assim como a atmosfera, e juntamente com todos os detalhes que enriquecem o longa e o tornam afamado, fazem a experiência ser única, “(…) Um épico em todos os aspectos, menos no orçamento”, como disse o próprio Tarantino.

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Westeros Adentro: O Azor Ahai e o Valonqar na Oitava Temporada de Game of Thrones

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Todos sabemos que “previsível” não é um adjetivo para As Crônicas de Gelo e Fogo e tampouco para sua adaptação para a TV, embora esta última seja menos coesa e surpreendente do que a saga de livros. Os debates acerca do que pode ocorrer com o futuro de Game of Thrones são diversos, e dentre eles se destacam alguns. Hoje, resolvi trazer o que eu creio que seja viável e o que eu acho que tem possibilidades de ocorrer em relação à profecia do valonqar e o Azor Ahai. Ambas as coisas afetam direta e intensamente personagens com muita importância e fazem parte de tramas tão relevantes quanto, porém ainda há incertezas se a HBO irá optar por utilizá-las, considerando que, na última temporada a menção da Companhia Dourada por Cersei foi inesperada e sem muitos indícios, e a tendência é que esse tipo de coisa continue ocorrendo.

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O Início de Uma Saga Homérica e Abundosa

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Título: As Crônicas de Gelo e Fogo – A Guerra dos Tronos

Autor: George Raymond Richard Martin

Ano: 2015

Editora: LeYa

 

A avaliação da SF Reviews afirmando que As Crônicas de Gelo é a obra de fantasia mais importante desde O Senhor dos Anéis não é leviana, George R.R. Martin se mostrou um escritor em potencial ao criar um universo tão vasto, detalhado e verossímil. A obra é de baixa fantasia, o próprio Martin afirma em uma entrevista que seus livros não são nada “Tolkenianos”, entretanto seus livros não se abstêm de uma atmosfera épica. O estilo d’As Crônicas de Gelo e Fogo é bem diverso, contendo desde elementos fantásticos a conflitos políticos, e tudo isso por meio de uma escrita detalhada e lenta, mas que ao mesmo tempo não deixa muito fôlego para o leitor.

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Crítica: Amnésia

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Título Original: Memento

Título no Brasil: Amnésia

Diretor: Christopher Nolan

Ano: 2000

Nota no IMDb: 8,5

Nota no Rotten Tomatoes: 92%

 

Sim, o Nolan já fez um grande filme mindfuck, mas ele não é “A Origem”. Baseado em um conto escrito pelo seu irmão, o longa chamado originalmente de “Memento” conta a trajetória de um homem conhecido como Lenny, que sofre com problemas neurológicos que afetam sua memória de curto prazo, fazendo com que o mesmo tenha que se ater em suas anotações, e inexoravelmente, quem assiste também compartilha boa parte dos problemas e frustrações do protagonista. Lenny busca a vingança, a última coisa que se lembra é de ser atacado por dois criminosos, de ter sua esposa estuprada e morta, e de sofrer um incidente que implicou em sua condição. A grande singularidade é que temos uma narrativa nada convencional, pois enquanto a maioria dos filmes segue a ordem cronológica e cativa a apreensão do público para as revelações do que vai acontecer, “Memento” rompe com esse modelo, utilizando uma cronologia reversa e prendendo a atenção para o como aquilo aconteceu.

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